Jean Gabriel Villin, Saci-Pererê, Cinderela e outras coisas mais
DEPOIS QUE ACABOU O CARNAVAL JOGARAM NA REDE ELÉTRICA???
Nos dias de trabalho no museu,
recebo uma saudação do mestre das artes, Sr. Jean Gabriel Villin, ele sempre de
cachimbinho na boca soltando baforadas de fumo Irlandês. Estou falando da foto
pendurada na parede do museu.
Nasci no interior do estado, mas
nunca convivi na lida diária com lavoura, afinal me chamam de “jacu da cidade”,
daí quando se fala em personagens do folclore deste imenso Brasil, fico a
dever.
Meu avô José Pereira Tangerino,
“Zeca Bem”, falava dos seus tempos de criança, quando residia próximo do Rio
Bonito, no bairro rural da Fazendinha (divisa Porto Ferreira-Descalvado),
comentava sobre o Saci-Pererê; Onça parda; Gato do Mato e outros. Pra cortar
lenha usavam um trançador. Dizia meu avô “Zeca Bem”, que o personagem dava um
trabalho danado, logo cedo quando ia arrear o cavalo, percebia que a crina dele
estava toda trançada, se não tinha criança por ali, isso era obra do
Saci-Pererê.
Jean Gabriel Villin residiu numa
chácara nas proximidades da “MarGirius”, Rua Bento José de Carvalho – Avenida
Vicente Zini. O Rio dos Amaros na época não tinha problemas com poluição, enfim
tinham por lá algumas chácaras, com plantas bem sortidas, frutas variadas, onde
a criançada vivia subindo nos pés de jabuticabas, e de vez em quando um
passarinho sorrateiro, saboreava uma pitanga, depois cantava, e na cabeça das
jovens de ontem, diziam que o canto do passarinho soava pra todos ouvirem:
“Saci... Saci.. Saci-Pererê no pé de bacupari”.
Ficou na cabeça das crianças essa
lembrança, que perguntavam ao Sr. Jean se Saci-Pererê existia, ele sorrindo
respondia textualmente com seu sotaque de francês, Saci-Pererê só nos
llliiivvvrrrooosss.
Não sei se foi por mérito acaso,
ou coisa parecida, mas na história de Monteiro Lobato, quando se vê um desenho
do Saci-Pererê, as imagens de ambos se confundem, um lembra o outro. Digo a
foto de Jean com o cachimbo na boca, e uma ilustração dele, representando o
Saci-Pererê.
Na tenra infância quando
frequentava a escola primária, a professora nos indicava livros de Monteiro
Lobato, e até hoje com 66 anos de idade, lembro disso tudo. Eu e a turma da
classe ficávamos boquiabertas com as histórias do escritor. Se voltássemos aos
anos de 1950, quando a maioria dos que habitavam a capital de São Paulo eram do
interior. A plena simplicidade quando prevalecia o respeito mutuo entre alunos
e professores, enfim o respeito com os mais idosos.
Agora lembrei a história da
“Cinderela”, isto porque ao abrir o portão do Museu Histórico e Pedagógico
“Prof. Flávio da Silva Oliveira”, olho pra cima e vejo um par de sapatos de
mulher, quem sabe podia ser de uma linda donzela, pendurado na rede elétrica.
Essa questão de jogarem sapatos e tênis na rede elétrica já deu problemas.
O engraçado foi que resolvi
fotografar o assunto, daí por ser um cruzamento de ruas importantes, ligação
centro-bairro, a grande movimentação de veículos, muitos deles ficavam me
observando pra saber o que é que eu estava fotografando. Alguns veículos
diminuíram a velocidade, e os motoristas perguntavam o que estava acontecendo.
É apenas um par de sapatos em lugar indevido, respondi.
Uma pessoa viu o par de sapatos,
e citou, a cinderela desta vez virou bruxa, já que estava nas alturas,
simplesmente pegou a vassoura que estava sem rumo, e vazou pras nuvens. Outra
pessoa já ironizou, dizendo logo chega o dia de malhar Judas.
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